sexta-feira, 2 de agosto de 2013

Unção com óleo, mitos e verdades!!

Muitos crentes tem atribuído ao "óleo ungido" o poder mágico dos contos de fada que usam o pó de "Pirlimpimpim", que basta derramar um pouco sobre a cabeça de alguém e todos os problemas serão resolvidos como um toque de mágica. Unge-se carros, paredes, roupas, casas, cachorros, gatos, cavalos, papagaios, fala-se até de unção das genitálias. Atribuem ao óleo um poder místico que é capaz de proteger o ser humano de qualquer tipo de mal. Mas será que a Bíblia atribui todo este poder a esta especiaria? Muitos crentes fazem uso do mesmo sem conhecer de fato quais as propriedades que são dadas na Bíblia quanto ao uso e manuseio do mesmo. Precisamos entender sua simbologia e propósito no Antigo Testamento e qual o sentido que o mesmo adquiri no Novo Testamento. A princípio encontramos o seu uso no Antigo Testamento, pessoas e coisas eram ungidas a fim de significar santidade ou separação da pessoa ou coisas a Deus: como as colunas do templo (Gen. 28:18); todo tabernáculo e seu mobiliário (Ex. 30: 22); os escudos eram consagrados para as guerras travadas entre Israel e outros povos.(II Sm. 1: 21). Ao ser ungido pessoa ou coisa, ambos se tornavam santos e sacrossantos(Ex. 30: 22-33). A unção com óleo era uma prática ordenada por Deus no Antigo Testamento para a consagração de sacerdotes e dos reis, como foi o caso com Arão e seus filhos (Ex 28:41) e Davi (1Sm 16:13). Duas verdades podemos significar este ato: o individuo estava sendo capacitado para o serviço e apontava para a realidade do derramamento do Espírito Santo. Mas, e no Novo Testamento, qual o sentido da unção com óleo? Primeiro, todos os rituais do Antigo Testamento eram simbólicos e típicos e tais coisas foram abolidas na ascensão de Cristo. Segundo, agora o método usado para a consagração de pessoas a Deus para o serviço eclesial no Novo Testamento é a imposição de mãos. No livro de Atos os apóstolos não ungiram os diáconos quando estes foram nomeados e instalados, mas as autoridades daquele tempo lhes impuseram as mãos (Atos 6.6). Os Pastores também eram consagrados pela imposição de mãos e não pela unção com óleo (1Tim 4.14). Mormente, podemos afirmar que não existe um único exemplo de pessoas sendo consagradas ou ordenadas para os ofícios da Igreja cristã mediante unção com óleo no N.T. A imposição de mãos para os ofícios cristãos substituiu a unção com óleo para consagrar sacerdotes e reis. Terceiro, a unção com óleo sagrado dos utensílios do templo fazia parte das leis cerimoniais próprias do Antigo Testamento. De acordo com a carta aos Hebreus, estes utensílios, bem como o santuário onde eles estavam, “não passam de ordenanças da carne, baseadas somente em comidas, e bebidas, e diversas abluções, impostas até ao tempo oportuno de reforma” (Hb 9.10). Além disto, o templo de Salomão já passou como tipo e figura da Igreja e dos crentes, onde agora habita o Espírito de Deus (1Co 3.16; 6.19). O templo foi destruído no ano 70 d. C. pelos romanos, e após isso, perde o seu propósito. Ou seja, não há um único exemplo, uma ordem ou orientação no Novo Testamento para que se pratique a unção de objetos para abençoá-los. Na verdade, isto é misticismo pagão, puro fetichismo, pensar que objetos absorvem bênção ou maldição. Por último, digo que a única base fundamentalmente Bíblica no Novo Testamento para o uso do óleo é quando Jesus ordena seus discípulos ungir os doentes quando os mandou pregar o Evangelho. O texto diz: Que eles ungiram os doentes e estes ficaram curados (Mc 6.13).” Mas note o seguinte: (1) foi aos Doze que Jesus deu esta ordem; (2) eles ungiram somente os doentes; (3) e quando ungiam, os enfermos eram curados. O outro texto é quando Tiago ordena que os doentes sejam ungidos com óleo em nome de Jesus (Tg 5.14).”. Note nesta passagem os seguintes pontos. A iniciativa é do doente: “Está alguém entre vós doente? Chame os presbíteros da igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo, em nome do Senhor."1) Ele chama “os presbíteros da igreja” e não somente o pastor; 2) O evento se dá na casa do doente e não na igreja; 3) E o foco da passagem de Tiago, é a oração da fé. É ela que levanta o doente, “E a oração da fé salvará o enfermo, e o Senhor o levantará; e, se houver cometido pecados, ser-lhe-ão perdoados” (Tg 5.15). Não é a unção que tem poder curativo, e sim a oração. A unção é apenas simbólica, e não há nela poder para transformar a realidade das pessoas. Atente-se a estes princípios, caso não esteja enquadrado neles, significa que sua ortopraxia(prática) tem sido sem ortodoxia (conhecimento).


Rev. Régis Silva - adaptado (texto de Augustus Nicodemos)

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